Furto Privilegiado: Equilíbrio entre Punição e Proporcionalidade
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Furto Privilegiado: Equilíbrio entre Punição e Proporcionalidade

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Furto Privilegiado Equilíbrio entre Punição e Proporcionalidade 2

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O furto é um dos crimes mais comuns no âmbito do direito penal, sendo definido como a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, de forma clandestina, sem o consentimento do proprietário. Porém, dentro dessa tipificação, existe uma figura menos gravosa conhecida como "furto privilegiado". Neste artigo, exploraremos em detalhes o conceito do furto privilegiado, sua previsão legal e como esse instituto é aplicado na prática. Além disso, apresentaremos dois exemplos ilustrativos para melhor compreensão do tema.

O Furto no Direito Penal

Antes de adentrarmos no conceito de furto privilegiado, é importante entendermos o furto em sua forma geral. O furto é previsto no artigo 155 do Código Penal Brasileiro e é considerado um crime contra o patrimônio. Ele consiste na subtração de um bem móvel pertencente a outra pessoa, sem o consentimento e com a intenção de se apropriar definitivamente desse bem.

Para que seja configurado o furto, alguns elementos são essenciais:

  • A coisa subtraída deve ser móvel, ou seja, um bem que possa ser movimentado de um lugar para outro;
  • A subtração deve ser realizada de forma clandestina, ou seja, sem que o proprietário perceba;
  • É necessário que haja a vontade livre e consciente de se apropriar definitivamente do bem, ou seja, o dolo específico.

O Conceito de Furto Privilegiado

O furto privilegiado, também conhecido como furto simples, é uma figura mais branda do crime de furto, prevista no parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal Brasileiro. De acordo com esse dispositivo, se o valor da coisa furtada for de pequeno valor, o juiz pode aplicar uma pena mais branda ao autor do furto.

A previsão legal do furto privilegiado busca atenuar as consequências para réus primários e de bons antecedentes que cometeram furtos de pequeno valor, considerando que, em tais casos, a lesão ao patrimônio não é tão significativa quanto em furtos de grandes valores.

Para elucidar o conceito de furto privilegiado, vejamos dois exemplos hipotéticos:

Exemplo 1: João, um jovem de 18 anos, nunca teve qualquer envolvimento com a justiça. Por uma má influência, ele comete o furto de um celular de baixo valor pertencente a um colega de escola. Nessa situação, o valor do bem subtraído é de aproximadamente R$ 300, considerado de pequeno valor. 

Caso João seja condenado pelo furto, o juiz poderá aplicar a pena de furto privilegiado, resultando em uma pena menor do que a prevista para o furto simples.

Exemplo 2: Maria, uma mãe de família desempregada, enfrenta sérias dificuldades financeiras. Desesperada para alimentar seus filhos, ela subtrai alimentos de baixo valor de um supermercado local. A ação é flagrada pelas câmeras de segurança, e Maria é detida. 

Nesse caso, devido ao valor dos alimentos furtados ser considerado de pequeno montante, Maria poderá ser beneficiada com a aplicação da pena do furto privilegiado, considerando sua situação socioeconômica e sua necessidade extrema.

Furto Privilegiado Equilíbrio entre Punição e Proporcionalidade

Benefícios e Controvérsias do Furto Privilegiado

O instituto do furto privilegiado tem suscitado debates na esfera jurídica, tanto em relação aos seus benefícios quanto às controvérsias que podem surgir em sua aplicação. A seguir, destacaremos alguns pontos relevantes sobre esse tema.

Benefícios:

  • Proporcionalidade da Pena: Ao considerar o valor da coisa subtraída, o furto privilegiado busca aplicar uma pena mais proporcional ao delito, evitando penas excessivamente severas para crimes de menor potencial ofensivo. Isso contribui para a humanização do sistema penal e para a ressocialização do condenado.

  • Incentivo à Reabilitação: Ao possibilitar a aplicação de uma pena mais branda, o furto privilegiado incentiva a reintegração do condenado à sociedade. Dessa forma, réus primários podem ter uma oportunidade de reparar seus erros, reavaliar suas condutas e evitar a reincidência.

  • Desafogamento do Sistema Prisional: Com a aplicação do furto privilegiado, réus primários, de bons antecedentes e que cometeram furtos de pequeno valor podem ser beneficiados com penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade, o que auxilia no desafogamento do sistema prisional.

Controvérsias:

  • Subjetividade na Determinação do Valor: Uma das principais controvérsias relacionadas ao furto privilegiado é a definição do que seria "valor de pequeno montante". A legislação não estabelece um valor exato, deixando a critério do juiz essa avaliação. Isso pode gerar divergências e desigualdades na aplicação da lei.

  • Potencial Abuso: Em algumas situações, pode ocorrer o abuso da aplicação do furto privilegiado por advogados que tentam diminuir a pena de seus clientes, mesmo em casos de furto com considerável gravidade. Isso poderia gerar uma sensação de impunidade na sociedade.

  • Exclusão de Determinados Bens: Outro ponto controverso é que a legislação não contempla a possibilidade de furto privilegiado para certos tipos de bens, o que pode resultar em penas mais severas para furtos de objetos específicos, independentemente do seu valor.

Conclusão

O furto privilegiado é uma previsão legal importante no direito penal, buscando trazer mais proporcionalidade às penas aplicadas em casos de furtos de pequeno valor, cometidos por réus primários e de bons antecedentes. Seu objetivo é evitar o tratamento excessivamente severo para delitos de menor potencial ofensivo, possibilitando a reintegração social dos condenados e contribuindo para o desafogamento do sistema prisional.

Apesar dos benefícios proporcionados pelo furto privilegiado, é fundamental atentar para as controvérsias e desafios que podem surgir em sua aplicação. A subjetividade na definição do valor de pequeno montante e o potencial abuso na interpretação da lei requerem um acompanhamento cuidadoso e aprimoramentos no sistema jurídico.

Portanto, cabe ao Poder Judiciário, aos operadores do direito e à sociedade em geral a reflexão sobre a aplicação adequada do furto privilegiado, visando garantir a justiça, a equidade e a efetivação dos princípios fundamentais do direito penal em nossa sociedade. Somente com uma análise criteriosa de cada caso será possível alcançar uma harmonização entre a punição do crime e o respeito aos direitos dos indivíduos envolvidos, mantendo a integridade e a credibilidade do sistema jurídico como um todo.

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About the Author

Me chamo Mariana Carvalho, sou advogada, professora de Direito e autora publicada pela Editora Juspodivm. Eu te ajudo a passar na OAB!

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